terça-feira, 25 de outubro de 2011

A Cidade dos Poços, por Jorge Bucay


"Esta história representa para mim o símbolo da corrente que une as pessoas através da sabedoria dos contos. Contou-ma uma paciente que a tinha ouvido, por sua vez, da boca de um ser maravilhoso, o padre crioulo Mamerto Menapace. Assim como a reproduzo agora, ofereci-a uma noite a Marce e a Paula.

Aquela cidade não era habitada por pessoas, como todas as outras cidades do planeta.

Aquela cidade era habitada por poços. Poços vivos… mas afinal poços.

Os poços distinguiam-se entre si não somente pelo lugar onde estavam escavados, mas também pelo parapeito (a abertura que os ligava ao exterior).

Havia poços ricos e ostensivos com parapeitos de mármore e metais preciosos; poços humildes de tijolo e madeira, e outros mais pobres, simples buracos rasos que se abriam na terra.

A comunicação entre os habitantes da cidade fazia-se de parapeito em parapeito, e as notícias corriam rapidamente de ponta a ponta do povoado.

Um dia, chegou à cidade uma «moda» que certamente tinha nascido nalgum pequeno povoado humano.

A nova ideia assinalava que qualquer ser vivo que se prezasse deveria cuidar muito mais do interior do que do exterior. O importante não era o superficial, mas o conteúdo.

Foi assim que os poços começaram a encher-se de coisas.

Alguns enchiam-se de jóias, moedas de ouro e pedras preciosas. Outros, mais práticos, encheram-se de electrodomésticos e aparelhos mecânicos. Outros ainda optaram pela arte, e foram-se enchendo de pinturas, pianos de cauda e sofisticadas esculturas pós-modernas. Finalmente, os intelectuais encheram-se de livros, de manifestos ideológicos e de revistas especializadas.

O tempo passou.

A maioria dos poços encheu-se a tal ponto que já não podia conter mais nada.

Os poços não eram todos iguais, por isso, embora alguns se tenham conformado, outros pensaram no que teriam de fazer para continuar a meter coisas no seu interior…

Um deles foi o primeiro. Em vez de apertar o conteúdo, lembrou-se de aumentar a sua capacidade alargando-se.

Não passou muito tempo até que a ideia começasse a ser imitada. Todos os poços utilizavam grande parte das suas energias a alargar-se para criarem mais espaço no seu interior. Um poço, pequeno e afastado do centro da cidade, começou a ver os seus colegas que se alargavam desmedidamente. Ele pensou que se continuassem a alargar-se daquela maneira, dentro em pouco confundir-se-iam os parapeitos dos vários poços e cada um perderia a sua identidade…

Talvez a partir dessa ideia, ocorreu-lhe que outra maneira de aumentar a sua capacidade seria crescer, mas não em largura, antes em profundidade. Fazer-se mais fundo em vez de mais largo. Depressa se deu conta de que tudo o que tinha dentro dele lhe impedia a tarefa de aprofundar. Se quisesse ser mais profundo, seria necessário esvaziar-se de todo o conteúdo…

A princípio teve medo do vazio. Mas, quando viu que não havia outra possibilidade, depressa meteu mãos à obra.

Vazio de posses, o poço começou a tornar-se profundo, enquanto os outros se apoderavam das coisas das quais ele se tinha despojado…

Um dia, algo surpreendeu o poço que crescia para dentro. Dentro, muito no interior e muito no fundo… encontrou água!

Nunca antes nenhum outro poço tinha encontrado água.

O poço venceu a sua surpresa e começou a brincar com a água do fundo, humedecendo as suas paredes, salpicando o seu parapeito e, por último, atirando a água para fora.

A cidade nunca tinha sido regada a não ser pela chuva, que na verdade era bastante escassa. Por isso, a terra que estava à volta do poço, revitalizada pela água, começou a despertar.

As sementes das suas entranhas brotaram em forma de erva, de trevos, de flores e de hastezinhas delicadas que depois se transformaram em árvores…

A vida explodiu em cores à volta do poço afastado, ao qual começaram a chamar «o Vergel».

Todos lhe perguntavam como tinha conseguido aquele milagre.

— Não é nenhum milagre — respondeu o Vergel. — Deve procurar-se no interior, até ao fundo.

Muitos quiseram seguir o exemplo do Vergel, mas aborreceram-se da ideia quando se deram conta de que para serem mais profundos, se tinham de esvaziar. Continuaram a encher-se cada vez mais de coisas…

No outro extremo da cidade, outro poço decidiu correr também o risco de se esvaziar…
E também começou a escavar…
E também chegou à água…
E também salpicou até ao exterior criando um segundo oásis verde no povoado…
— Que vais fazer quando a água acabar? — perguntavam-lhe.
— Não sei o que se passará — respondia ele. — Mas, por agora, quanto mais água tiro, mais água há.

Passaram-se uns meses antes da grande descoberta.

Um dia, quase por acaso, os dois poços deram-se conta de que a água que tinham encontrado no fundo de si próprios era a mesma…
Que o mesmo rio subterrâneo que passava por um inundava a profundidade do outro.

Deram-se conta de que se abria para eles uma vida nova.

Não somente podiam comunicar um com o outro de parapeito em parapeito, superficialmente, como todos os outros, mas a busca também os tinha feito descobrir um novo e secreto ponto de contacto.
Tinham descoberto a comunicação profunda que somente conseguem aqueles que têm a coragem de se esvaziar de conteúdos e procurar no fundo do seu ser o que têm para dar…"


Jorge Bucay
Contos para pensar
Cascais, Editora Pergaminho, 2004

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Steve Jobs. R.I.P.

Um dia após a sua partida, prestamentos a nossa homenagem a este homem que deixou uma marca indelével no nosso mundo e que, acima de tudo, foi um pensador e comunicador de excelência. Que descanse em Paz.


"O teu tempo é limitado, por isso não o desperdices a viver a vida de outra pessoa. Não te deixes armadilhar pelos dogmas - que é a mesma coisa que viver pelos resultados do que outras pessoas pensaram. Não deixes que o ruído das opiniões dos outros saia da tua própria voz interior. E, mais importante ainda, tem a coragem de seguir o teu coração e a tua intuição. Estes já sabem, de alguma forma, aquilo em que tu verdadeiramente te vais tornar. Tudo o resto é secundário." - Steve Jobs ( 1955-2011) in Discurso em Stanford.

18 de Outubro - Tarde Eutrapélica com Danças Circulares



São TODOS convidados - amigos actuais do TE e os "amigos potenciais".

Convém trazer -se roupa confortável e algo para "pormos em comum" na mesa (quem queira e possa).

Para mais informações: 918242206/960019471 (Manuela Cardoso).

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

10 a 13 de Novembro: Curso de Crescimento Pessoal


Este curso abre as portas ao crescimento do Ser Pessoa e ao desenvolvimento das potencialidades que todos os seres humanos têm adormecidas ou esquecidas. São trabalhados em profundidade os temas da comunicação e da interacção pessoal.

Metodologia:
Exposições teóricas, grupos operativos, exercícios de sensibilização, análise de casos, leituras recomendadas.

Local :
Na nossa Sede, sita à Rua Duque de Loulé, nº 90, 2º Esq, no Porto.
Data:
Decorrerá nos dias 10, 11, 12 e 13 de Novembro, com o horário abaixo indicado (por forma a não colidir com os normais compromissos profissionais).

O Curso inclui, após este fim-de-semana, 12 sessões semanais de 2 horas cada, em grupos de cinco a dez pessoas, para aprofundamento da aprendizagem.

Horário:
- Dia 10 - Quinta-feira das 18h às 22h
- Dia 11 - Sexta-feira das 18h às 22h
- Dia 12 - Sábado das 9h às 19h com intervalo de 1h 30m para almoço
- Dia 13 - Domingo das 9h às 14h
Nota: Na Quinta e na Sexta-feira, partilha, ao jantar, do que cada um trouxer.
Contribuição:  50 euros.

Inscrições e pedidos de informação:
      telefone: 222 030 707 (das 20 às 23 horas)  ou 960 340 851