Escutar está presente desde
sempre em todos os processos e em todos os relacionamentos. Escutar é um
termómetro que pode medir a disponibilidade, a atenção, a compreensão.
Vem desde o início da vida: escutar
o bebé e compreender, sentir e responder ao que se ouve desde o ventre
materno.
Faz parte nas nossas relações,
das nossas trocas.
Mais do que uma ferramenta ou um
instrumento de trabalho psicoterapêutico, Escutar é sem dúvida uma atitude ativa
e uma atitude de disponibilidade e responsabilidade para com o outro, perante o
seu sofrimento, dor, angústia, alegria, partilha, vontade de rir ou de chorar.
Escutar o outro, em qualquer
contexto, é dar-lhe Voz, corpo, olhos, gestos – é dar-lhe um sentir e por vezes
um sentido.
Escutar é abrir um espaço de
conforto – e não de confronto – para que aquilo que necessita de ser ouvido possa
ter lugar, possa existir, possa muitas vezes nascer pela primeira vez. A sensação
de que não somos ouvidos e compreendidos resulta, muitas vezes, da incapacidade
de ser empático e de ver o outro sem preconceitos ou juízos de valor.
Escutar é respeitar independentemente das nossas convicções, crenças ou registos predefinidos e, muitas vezes (quase sempre), aprender através do outro coisas acerca de nós mesmos, tomando
consciência delas para nos permitirmos crescer como profissionais e pessoas.
Escutar – realmente! – o Outro é
deixá-lo existir dentro de nós e devolver-lhe a confiança e o bem-estar, incutir-lhe o desejo de se escutar melhor também e levá-lo a voar por paragens
desconhecidas.
Que se construam, sempre e a cada dia, pontes onde o encontro possa ser possível e se Escute com o coração.
Autora