segunda-feira, 23 de maio de 2011

Amigos

Num momento tão turbulento na história do nosso país, em que tantas pessoas e famílias precisam do nosso apoio para reconquistar o bem-estar e o equilíbrio emocional, dedicamos este maravilhoso poema de Vinícios de Morais a todos os nossos amigos que, mês após mês, ano após ano, têm contribuido, de tantas e tão variadas formas, para prosseguirmos a nossa missão de ser sementes de esperança e amor. Bem-hajam! 


Tenho amigos que não sabem
o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto
e a absoluta necessidade
que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre
do que o amor, eis que
permite que o objeto dela
se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,
que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar,
embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os meus amores...

Mas enlouqueceria se morressem
todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem
o quanto são meus amigos e
o quanto minha vida depende
de suas existências ...
A alguns deles não procuro,
basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja
a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade,
não posso lhes dizer o quanto gosto deles;
Eles não iriam acreditar...
Muitos deles estão lendo esta crônica
e não sabem que estão incluídos
na sagrada relação de meus amigos...

Mas é delicioso que eu saiba
e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não tem noção de como
me são necessários...
de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte do mundo que eu,
tremulamente, construí e
se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer,
eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!

Por isso é que, sem que eles saibam,
eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer ...

Se alguma coisa me consome e me envelhece
é que a roda furiosa da vida
não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e, principalmente
os que só desconfiam ou talvez
nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.


(Vinícios de Moraes)

1 comentário:

  1. "...a gente não faz amigos, reconhece-os" - Obrigada Telefone da Esperança por sermos amigos. Cada amigo é uma dádiva e então quando nos Toca tão fundo ao ponto de nos A+COR+DAR.. OBRIGADA TE!

    ResponderEliminar