Ainda estou a vê-lo, lá cima, tipo estátua - inanimada, mas inspiradora de vida... Chapéu preto, em fatinho de ver a Deus, parecia contemplar o divino que da natureza emerge para o homem. Na sua postura, demoradamente imóvel, fez-me lembrar Valinclan que, no frio do bronze, sentado num banco da Alameda de Santiago, a olhar a Catedral, parece iluminar todo aquele espaço em que espirra a fina flor De uma Cultura Galega.
O picnic vai decorrendo e, em determinada altura, eu vejo-o ali já bem junto de nós. Desce para o lago, que fica perto. Velhinho, ao andar, parece pedir licença a uma perna para mexer a outra. A Maria Elisa, no seu jeito peculiar de fazer proximidade, vai buscá-lo e senta-o no meio de nós. Era um momento alto em que o grupo, animado pelos Cavaquinhos, ritmadamente, batia palmas em uníssono com a voz doce da Amélia. Em poucos segundo ele já está na Família T.E. Sorridente, bem humorado, quando é para levantar e dar uma de dança, o Snr Francisco (assim é a sua graça) aceita o braço que a Rosa, totalmente cega mas sempre bem disposta, lhe estende...
Porque as horas já a isso convidam, vamos para o lanche. Como novo membro do grupo de que já faz parte do grupo, não se faz rogado e lancha connosco. Todos querem saber quem ele é... Tem quase 92 anos. Está viúvo há 37. Vive com uma filha ali no bairro. Às 9.00h está no Parque. Fala com o guarda e os jardineiros de serviço. – Eles são a minha família...
Da boca do Sr. Baptista, ontem de serviço à guarda do Parque, ouvi mais isto: - Ele está num sino. Nem podem fazer ideia... Já me disse que não contava com nada disto!... Agora, durante os próximos dias, vai contar tudo isto, tintim por tintim, aos jardineiros e aos colegas que me venham substituir. A casa dele, praticamente, é aqui. O genro e a filha têm lá a vida deles, dão-lhe de comer e pouco mais. A família dele somos nós...
Ouço agora o Sr. Francisco e ele quer mostrar todos os documentos que comprovam a sua identidade: 03 de fev de 1920. A sua carteira parece a das avós – tão cheia está de fotografias dos filhos, dos netos e dos bisnetos. A vida nele ainda é Festa. E, porque parámos a acolhê-lo, aquela Festa foi-se derramando sobre nós.
À noite, antes de deitar, enviei um ms de alegria e gratidão para a Manela, para a Elisa, para a Irene – molas impulsionadoras destes encontros. Ouvi a voz da Mila a desafiar-me ao Partilho Contigo... Senti vontade de smsar a cada um... Porque é nestes momentos que eu melhor percebo a MISSÃO do T.E.- ser instrumento de humanização... Testemunhar que humanizar(-se) é emergir como pessoa e convergir para Comunhão... Sem que ninguém fique de fora.
Abel Magalhães
ola mt bom dia fiquei estupefacta pelo testo estou ligada a idoso tenho uma paixão pela minha profissão trabalho num hospital de cuidados continuados nas residências montepio em Gaia faço voluntariado em algumas instituições k para mim é mt gratificante o meu bem ha-ja fiquem tudo na paz de DEUS
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário. Sabe muito bem sentir que não estamos sós... Se está "ligada a idoso tenho uma paixão pela minha profissão", esteja atenta aqui à nossas partilhas: por estes dias poderá ver aqui "Uma partilha de céus e infernos" que nos passam pelo T.E. A solidão é terrivel - mata mesmo. Alguém disse já que aquela "marrequinha" que aparece em muitos idosos não é do peso dos anos, mas do peso da falta de carinhos...
ResponderEliminarAbel Magalhães