quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Silêncio...


A dádiva da verdadeira amizade é que ela nos leva pela mão e nos lembra que não estamos sozinhos na jornada da vida.

“Quem diria que uma coisa destas podia acontecer?...”
“Como é possível, agora que tinha a vida organizada?...”
“Nunca suspeitei de nada, não sei o que lhe passou na cabeça.....”

As coisas mais simples parecem inatingíveis...

Estas, entre outras, são questões que frequentemente surgem imediatamente após o choque e a notícia de um suicídio....de um amigo, familiar ou mesmo (des)conhecido. Seja de quem for, de que idade ou sexo, a dúvida amarga ‘e se eu tivesse feito, dito, escutado...’?
Fica o sentimento de frustração acerca da impotência sobre aquele acontecimento. Fica muitas vezes o sentimento de culpa por não ter estado atento(a).
Ao contrário de muitos outros quadros de perturbação emocional, que são expressivos pelos diversos e variados sinais e sintomatologia comportamental, este será talvez um dos quadros mais ‘silenciosos’na sua forma.
Muitas vezes quem recorre a esta forma de atuação é a pessoa que se disfarça entre comportamentos socialmente esperados e ajustados, que não se expõe demasiado, que se esconde numa faceta construída sob uma pressão gigantesca e que vai, no seu percurso, perdendo força interna para reequilibrar e compreender os seus ‘fantasmas’.

 Por vezes tudo fica ‘de pernas pró ar’- sem direções, sentido ou vontade própria.

Daí a ‘surpresa’, o ‘espanto’, a dor de não se ter estado presente... Quando seria suposto.
Assinala-se o Dia do Suicídio a 10 de setembro. As estatísticas e os números que se apresentam são no mínimo reveladores de um quadro que se mantém ativo e que pode afetar qualquer um de nós.
Tenhamos esperança de poder vir a assinalar o Dia Mundial do Recomeço, da Esperança, da Vida.
É fundamental o trabalho delicado, não intrusivo, de respeito e reconhecimento pelo sofrimento do ‘Outro’ quando solicita ajuda e reconhece essa  necessidade na sua vida. É aqui que cada profissional da área da saúde poderá fazer a diferença entre reconhecer e ajudar a revelar as potencialidades positivas da vida de cada um. Devolver a Esperança. RECOMEÇAR.

Cada um de nós poderá fazer a diferença.

Estando conscientes e atentos às emoções, sentimentos, atitudes, reações e comportamentos de quem nos rodeia:
  •         Um maior e persistente isolamento do grupo de pares;
  •         Um desinteresse geral pela vida;
  •         Desmotivação em geral;
  •         Perda de interesse em algo que era habitual ter interesse;
  •         Estar sujeito a grande pressão profissional, académica ou familiar;
  •         Responsabilidades bancárias;
  •         Estados depressivos prévios.


Há sempre um sinal vermelho no meio do cinzento que nos pode ajudar a refletir e a auxiliar.

Estar atento significa igualmente estar consciente do que a vida nos oferece a cada dia para que possamos melhorar, superar e transformar. Ao sermos pessoas mais conscientes somos mais saudáveis e verdadeiros connosco e com os demais.
Se (re)conhece alguém com este tipo de quadro, encaminhe para uma ajuda profissional adequada de forma a que mais uma oportunidade seja possível!
Se sente que não consegue, nesta fase da sua vida, lidar com determinada questão, deixe que alguém o possa orientar para uma via alternativa, onde poderá encontrar-se a si mesmo de uma outra forma. Deixe-se surpreender.
Não pense que é o unico(a).
Não pense que está só.
Não pense que ninguém o(a) vai ouvir.
É demasiado importante para que se sinta só. É unico(a) e a sua vida é preciosa.
Peça ajuda e Recomece. Quantas vezes for necessário.

Um passo apenas é o bastante para que possa apreciar o resto da jornada.


Mantenha sentimentos de alegria no seu coração.
A alegria é um sentimento mágico de que todas as coisas são possíveis, e elas são! Aprecie as dádivas de cada momento.



Autora
Rita Afonso, psicóloga.


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