quinta-feira, 15 de maio de 2014

O meu filho é hiperativo?




Atualmente assistimos a uma banalização do termo “Hiperatividade”, se a criança é mais irrequieta, mais ativa ou mesmo se lhe custa mais concentrar-se diz-se logo, “deve ser hiperativa”… Mas como saber se realmente o seu filho é ou não é hiperativo?

Segundo o manual estatístico de diagnóstico das perturbações mentais (DSM IV), no leque das Perturbações Disruptivas do Comportamento e do Défice de Atenção, encontramos a Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA). Esta é uma perturbação neurobiológica que resulta de alterações no funcionamento do sistema nervoso. Caracteriza-se por um desenvolvimento inadequado das capacidades de atenção e, em alguns casos por impulsividade e/ou hiperatividade.
São reconhecidas três formas de apresentação da PHDA, de acordo com os sintomas:

Predominantemente Desatento
Dificuldade em prestar atenção e manter a concentração por períodos de tempo a assuntos que são pouco interessantes para a criança.

Predominantemente Hiperativo & Impulsivo
Dificuldade em manter-se sossegado no mesmo local quando a tarefa ou conversa que está a ouvir não é interessante para a criança. Outro aspeto é a dificuldade em parar para pensar/analisar as consequências da ação que está prestes a iniciar.

Combinado Desatento + Hiperativo
É o mais comum dos 3 tipos de hiperatividade. A criança é desatenta, hiperativa e impulsiva.


O diagnóstico da PHDA é comportamental, isto é, baseia-se na identificação e caracterização dos seus sintomas. De seguida, listam-se alguns dos sintomas mais recorrentes nesta perturbação:


  • Não prestar atenção suficiente aos pormenores ou cometer erros por descuido nas tarefas escolares, no trabalho ou noutras atividades lúdicas;
  • Ter dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades;
  • Parecer não ouvir quando se lhe dirigem diretamente;
  • Não seguir as instruções e não terminar os trabalhos escolares ou outras tarefas;
  • Ter dificuldade em organizar-se;
  • Evitar as tarefas que requerem esforço mental persistente;
  • Perder objetos necessários a tarefas ou atividades que terá de realizar;
  • Distrair-se facilmente com estímulos irrelevantes;
  • Esquecer-se com frequência de atividades quotidianas ou de algumas rotinas;
  • Levantar-se na sala ou noutras situações em que se espera que esteja sentado;
  • Correr ou saltar excessivamente em situações em que é inadequado fazê-lo;
  • Movimentar excessivamente as mãos e os pés e mover-se quando está sentado;
  • Ter dificuldade em dedicar-se tranquilamente a um jogo;
  • Agir como se estivesse ligado a um motor;
  • Falar em excesso;
  • Precipitar as respostas antes que as perguntas tenham acabado;
  • Interromper ou interferir nas atividades dos outros (intrometer-se nas conversas ou nos jogos);
  • Ter dificuldade em esperar pela sua vez.


Para o diagnóstico do défice, é necessário que existam pelo menos 6 sintomas de desatenção e/ou de hiperatividade-impulsividade, com uma duração superior a 6 meses, com as primeiras manifestações antes dos 7 anos de idade, presentes em pelo menos dois contextos ambientais da criança (por exemplo, em casa e na escola), perturbando o desempenho tanto a nível académico como social. Estes sintomas não podem ser explicados por outras perturbações neurobiológicas.

No processo de avaliação, são utilizados questionários que permitem quantificar os comportamentos e compará-los com o que é habitual nas crianças da mesma idade. São habitualmente preenchidos por pais e professores, de forma a obter informação de dois contextos.

Em algumas situações poderá ser necessária uma avaliação psicológica ou psicopedagógica, que pode incluir testes mais objetivos de atenção e permitir diagnosticar outras situações, cujos sintomas são semelhantes, ou que surgem associadas à PHDA.

O importante é fazer uma avaliação compreensiva do problema, com a colaboração do médico, do psicólogo, dos professores e dos pais. Um diagnóstico correto conduzirá ao tratamento eficaz do problema.


Autora
Sónia Costa, psicóloga e voluntária da nossa associação.


Fonte bibliográfica
  • DSM-IV Casos Clínicos;
  • Desordem por défice de atenção e hiperatividade – um guia para pais, educadores e professores.


Sites de apoio

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