sexta-feira, 2 de maio de 2014

Telefone da Esperança Portugal: a nossa história (Parte I)


Em resposta ao repto de uma das nossas voluntárias, fundadora e coordenadora do blogue Partilho Contigo, a presidente da direção do Telefone da Esperança Portugal contou, a partir da sua vivência pessoal, a história da nossa associação, num texto a que chamou "Semeando a Esperança em Portugal". Parece-nos importante partilhar esta narração com todos os nossos voluntários, utentes e amigos e por isso aqui reproduzimos, integralmente, o texto.






2004 foi um ano inesquecível! Um grupo de portugueses rumou a Santiago de Compostela, não em peregrinação, mas procurando respostas para um conjunto de perguntas 
importantes: O que é a Comunicação [no sentido mais profundo da palavra]? Que atitudes promovem o verdadeiro Encontro Pessoal? Respondíamos a um convite para um curso promovido pelo Teléfono de la Esperanza, uma associação de voluntariado com méritos reconhecidos em Espanha e em alguns países da América Latina, mas praticamente desconhecida em Portugal.

O que se passou nesse curso marcou-nos pelo caráter vivencial da formação, pela qualidade dos conteúdos, dos formadores e facilitadores e pelos resultados pessoais que experienciámos – uns mais do que outros, naturalmente, conforme o nível de entrega individual ao processo.
O curso chamava-se precisamente “Comunicação e Encontro Pessoal” e fazia parte do “Programa de Formação de Agentes de Ajuda” que incluía mais dois cursos e que, para além de capacitar os voluntários do Teléfono de la Esperanza, estava aberto a todos aqueles que quisessem melhorar as suas competências de ajuda ao próximo. Como uma das premissas da Associação é “Para bem ajudar o outro, é importante que quem ajuda esteja bem também”, uma parte considerável do programa de formação (mais precisamente dois dos cursos) eram integralmente dedicados ao auto-conhecimento e ao desenvolvimento pessoal do próprio agente de ajuda; o terceiro curso abordava criteriosamente as mais adequadas técnicas e atitudes na relação de ajuda propriamente dita.  
Alguns de nós começámos a sentir germinarem as sementes de amor por esta causa solidária que, antes de nos permitir mudar o mundo, nos ajudou a mudar-nos a nós próprios e a crescermos enquanto PESSOAS.
Acreditámos que Portugal merecia um projeto destes: capaz de ajudar as pessoas a ultrapassar sustentadamente as crises emocionais e, mais, a conquistar ferramentas que as levassem à saúde emocional e à felicidade. Nós sabíamos que essas ferramentas funcionavam porque as tínhamos experimentado.
Apaixonava-nos a ideia de podermos partilhar o que tínhamos encontrado com as pessoas do nosso país.
E pusemos as mãos à obra, com cabeça e coração. 

Liderados por Elisabete Mota, psicopedagoga, de quem tinha partido grande parte dos convites a fazermos formação em Santiago de Compostela [apelido-a carinhosamente de nossa “Sementinha da Esperança”], dedicámo-nos a uma atividade intensa com o objetivo de criar um centro do Telefone da Esperança em Portugal. O local escolhido foi a Área Metropolitana do Porto, onde vivia a maioria de nós e cujos problemas sociais conhecíamos. Contámos com o apoio incondicional da Direção do Teléfono de la Esperanza Espanhol [à data presidida pelo Psicólogo e Psicoterapeuta Jesus Madrid Soriano] e de dois padrinhos: Teófilo Martin e Manuel Leopoldo (Manolo), presidente e ex-presidente, respetivamente, do Telefone da Esperança de Badajoz.
Uma das valências fundamentais deste projeto solidário [e, aliás, aquela que dá o nome à própria organização] é o serviço de orientação em crise por telefone. Por outras palavras, um apoio especializado, gratuito e confidencial às pessoas em situação de crise emocional [depressão, pensamentos suicidas, conflitos familiares, incomunicabilidade, etc.]. Outras tarefas de igual importância são a formação e coordenação de cursos de desenvolvimento pessoal e promoção da saúde emocional. Para todas estas tarefas de grande responsabilidade, havia que formar e capacitar voluntários – agentes de ajuda. Começámos por isso a organizar os primeiros cursos do Telefone da Esperança em Portugal, dando a conhecer este projeto a muitas mais pessoas. E havia todo um outro conjunto de aspetos legais e de ordem prática a ter em conta e a operacionalizar para se viabilizar a abertura do centro.
Houve avanços e retrocessos, momentos de maior e de menor motivação, pessoas que entretanto abraçaram a causa [em grande parte fruto dos cursos que começaram a realizar-se em Portugal] e pessoas que preferiram seguir outros caminhos. Este processo foi desafiante mas, com resiliência e capacidade de concretização, vencemos.
No dia 28 de julho de 2008 foi oficialmente criada a Associação Internacional do Telefone da Esperança – ASITES Portugal e, no dia 7 de dezembro do mesmo ano, abriu as suas portas à comunidade o primeiro Centro do Telefone da Esperança Portugal, na Rua Duque de Loulé, nº 98, no Porto.

Elisabete Mota tinha decidido ir viver para Espanha. À frente dos destinos da Associação [primeiro da comissão instaladora, e depois da primeira Direção] ficou Abel Magalhães, licenciado em Filosofia e há já muitos anos dedicado às áreas da Psicologia e do Desenvolvimento pessoal. [Continua]

Natacha Soares Ribeiro

(em Blog Partilho Contigo)

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